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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Resumo da ópera

Bem, agora que os dias turbulentos de nossa grande travessia já passaram, aproveito para lhes apresentar um resumo de nosso desafio. Inicio pela apresentação de algumas matérias que foram veiculadas pela imprensa local - tanto na internet quanto na TV Gazeta Alagoana - sucursal da Rede Globo naquele estado.

A matéria que descreve muito resumidamente nossa empreitada está em:
http://www.alagoas24horas.com.br/conteudo/?vEditoria=Interior&vCod=112492
Não seria possível repassar os quatro dias de nossas ricas experiências em tão poucas palavras, mas este artigo já serve de aperitivo.
Ou ainda em:
http://www.r2noticias.com.br/portal/?pg=noticia&v=1&enquete=8&opcao=32&id=1106

Para quem for discípulo de São Tomé - aqueles que precisam VER para crer - segue abaixo um pequeno documentário produzido pela TV Gazeta de Alagoas.
Curtam o momento de nossa chegada em Penedo:

sábado, 1 de outubro de 2011

O sol e o vento

Conforme publicado em meu último texto, certos fatores podem marcar um evento de natação em águas abertas de forma indescritível e, por vezes, de forma imprevisível.
Refiro-me aos dois fatores que nos causam preocupação diária: a forte incidência dos raios solares e o vento que sopra do oceano para o continente. Entenda por que eles são preocupantes:
Comecemos pelo sol. A região é sabidamente bastante quente. Nesta época do ano, o calor é bem forte e a incidência de sol ininterruptamente sobre a pele exposta dos nadadores pode causar-lhes algum tipo de queimadura. Dentro do possível, alguns de nós vão nadar com uma roupa - eu usarei um macacão sem braços, tipo jardineira - que protege minimamente as costas, mas deixa ainda uma boa parte exposta. Talvez o ponto mais sensível seja mesmo o rosto.
É de se esperar que usemos protetores solares - eu estou levando um com FPS 50. Mas devido à presença constante de água lavando o nosso corpo, ele costuma não durar muito. Aí a incidência aumenta. Vamos ver como a situação vai evoluir.
Quanto ao vento, ele é bastante comum no período da tarde e costuma soprar do oceano para o continente. Em contato com a superfície do rio, ele gera ondas que representam uma força contrária ao nadador. Então, de um lado o nadador está aprofundando sua braçada para pegar a correnteza a seu favor e de outro, está sofrendo com as ondulações e o fluxo superficial contrário.
As ondulações provocadas pelo vento são bastante indesejáveis. Lembro-me da Travessia 14 Bis de 2008 onde a presença de um ciclone extra-tropical no sul do país se fez sentir nas praias paulistas através de ventos fortes e incessantes. Havia ondas de um metro de altura no meio de um canal que, via de regra, é bem estável.
Nadar com ondulação contrária acaba com os ombros do nadador - falo isso por mim. Por essa razão, não descartamos a possibilidade de anteciparmos nossas largadas para antes do nascer do sol.
Trata-se de mais um ingrediente exótico adicionado a um projeto igualmente pouco usual. Mas é a experiência que manda!

Qual a distância? Qual o esforço?

As provas natatórias em contato com a natureza apresentam elementos muito particulares, incomuns em provas de piscina. Só para citar alguns deles, listo aqui a imprevisibilidade das condições da natureza, a capacidade de navegação do nadador, os acidentes de percurso, dentre outros.
Uma discussão que tem permeado nosso grupo diz respeito a qual distância será nadada DE FATO entre as cidades de Piranhas e Penedo. A primeira aproximação vem através de medições feitas no Google Maps. Basta abrir a página, localizar as cidades, ampliar o zoom ao máximo entre duas cidades vizinhas constantes do trajeto e utilizar a ferramenta para medição do comprimento de um caminho, supondo os trajetos que o nadador irá percorrer. Isso implica em levar em consideração as curvas do rio, ilhas, pedras, remansos, etc. e prover os meios de contorná-los quando se traça o caminho. Assim o fiz para cada um dos quatro trechos que percorreremos. Esta distância resultou em aproximadamente 170 Km.
Mas o Google ainda pode apresentar desvios - medições de distâncias feitas por navegadores levam em conta as cartas náuticas, que são muito mais precisas neste quesito.
No Canal da Mancha, a distância a ser percorrida é a menor reta entre os dois pontos: o de partida, que é bem conhecido (usualmente Shakespeare Beach, ao lado do porto de Dover) e o de chegada, que nem sempre é previsível - afinal, pode-se chegar mais ao sul ou mais ao norte de Cap-Gris-Nez. Em condições normais, todo o restante - o caminho em forma de senóide que o nadador percorre, onde ele é levado e trazido pela correnteza - não constituem trabalho no sentido básico em que ele é definido pela física. Logo, não devem contar como distância percorrida.
Acontece com muita frequência que as "condições normais" acima mencionadas nem sempre estão presentes. Querem um exemplo? Na recente travessia do Canal da Mancha em revezamento feminino pela equipe brasileira ainda neste ano de 2011, por uma questão de navegação, uma das atletas (a Priscila Santos) teve que nadar contra a correnteza a fim de corrigir o trajeto da travessia. Pelo que ouvi, ela nadou uma hora sem sair do lugar. Isto quer dizer que talvez o que mais conte numa grande travessia não seja a distância, mas o esforço do nadador. Como ainda não inventaram um esforçômetro, ficamos com a distância mesmo.
Na verdade, os esforços, os perigos, as belezas e as realizações pela conquista só podem ser capturados através dos relatos que se contam e se ouvem contar sobre a prova. Esta parcela é aquela que não tem preço e é digna de uma propaganda do Mastercard (se me permitem uma chula comparação capitalista).
Esta parte da história eu deixo para contar para vocês em breve.